Marvel e Netflix acertam a mão na nova adaptação de “Demolidor” (Daredevil)

Do mesmo diretor de “O Segredo da Cabana”, nova adaptação dos quadrinhos tem sua 1a. temporada completa já está disponível no Netflix, com 13 episódios.

Por Vinícius Silva*

Tiveram que se passar 12 anos para que a Marvel novamente tocasse no universo de Demolidor (Daredevil). O filme protagonizado por Ben Affleck, lançado em 2003, foi um verdadeiro fiasco na época. Não poderia ser diferente com tantos erros, uma trama pouco inspirada e personagens nada carismáticos que não ajudaram em nada a contar a história.

A Marvel então seguiu o seu caminho e retomou para o Universo de Demolidor ciente de que conseguiu trilhar nesse doze anos um ambiente para colocar mais este herói. E a ideia de produzir uma série em parceria com a Netflix não poderia ser uma oportunidade melhor.

Demolidor/Daredevil se passa na Nova York alguns anos após o chamado “incidente” responsável pela destruição da cidade visto em Os Vingadores – Avengers (2012). Matt Murdock (Charlie Cox) é um advogado pela manhã com um escritório aberto recentemente com o seu amigo e sócio Foggy Nelson (Elden Helson). Mas à noite ele se transforme no vigilante, o justiceiro cego que está tentando melhorar a cidade de Hell`s Kitchen lutando contra a máfia russa e aqueles que estão tentando aproveitar a oportunidade que o “incidente” criou para lucrar em cima da reconstrução da cidade, do enfraquecimento das forças policiais e a fragilidade da população.

Dá pra dizer que “Daredevil” é uma das obras mais críticas da Marvel. E a história desenvolvida porDrew Goddard (diretor do engenhoso O Segredo da Cabana), responsável por essa adaptação, soube pegar a essência de um herói que não tem poderes mágicos ou uma grande força. Pelo contrário, o acidente que lhe causou a perda da visão também aguçou os seus outros sentidos e por meio disso que ele “enxerga” e tenta lutar – muito também influenciado pela persona do seu pai.

Assim, a trama segue de uma maneira tensa, crua e bastante violenta para os padrões da Marvel que vemos no cinema, onde a busca por um público mais novo torna cenas de lutas muito mais coreografadas de uma forma que a violência não seja o ponto principal, mas apenas a ação que se vê em qualquer filme do gênero.

É possível se espantar quando Wilson Fisk (Vincent D`Onofrio, futuro Kingpin/Rei do Crime, de O Juiz) esmaga a cabeça de um dos seus capangas com a porta de um carro, ou ainda no excelente plano sequência de uma ação que encerra o 2º episódio da série.

Esses são alguns dos exemplos que justificam a qualidade técnica da série: o bonito desenho do design de produção, as sequências cruas de lutas onde vemos o herói apanhar ainda mais que o Homem-Aranha no segundo filme da franquia, e a fotografia escura e sombria em que evidencia o abandono e o estrago da cidade de Nova York – lembrando o tom escuro usado na Gotham Batman Begins (2005), quando a cidade era dominada pelo crime e pela máfia.

O cenário de “Daredevil” é o mesmo daquela Gotham. E ao contrário do Batman, Matt Murdock não conta com bugigangas ou armaduras para se defender. Pelo menos, não ainda. Mas isso é algo que o personagem vai descobrindo conforme a temporada vai passando. O mesmo sobre o seu grande rival, que não são os russos sequestrando mulheres e crianças para tráfico humano, mas sim o homem que vai se denominará o “Rei do Crime”.

A atuação de Vincent D’Onofrio é um dos trunfos dessa série, em que ele sabe transparecer a sua fragilidade na companhia de Vanessa (Ayelet Zurer) ao mesmo tempo em que se mostra tão destemido e violento. Uma atuação digna de um vilão.

O mesmo destaque vale para Charlie Cox, que já demonstrou ser talentoso tanto quando esteve no elenco fixo da série Boardwalk Empire (2010~2014) – ele também apareceu recentemente em A Teoria de Tudo (2014). Mas, ao contrário do Ben Affleck no filme lá do início dos anos 2000, Cox cria um Matt Murdock extremamente carismático, e depois se transforma totalmente em um Demolidor que age sozinho, não tem medo de apanhar e é implacável em sua busca por vingança.

O núcleo cômico, formado por Foggy e Karen Page (Deborah Ann Wolf, da série de TV True Blood, 2008~2014), ainda contribuem a tornar os episódios leves em determinados momentos sem soar forçado ou se a trama não tivesse qualquer importância. Como eles, a médica Claire Temple (Rosario Dawson, Em Transe e 10 Anos de Pura Amizade) não estão ali para tapar buraco. Pelo contrário, desempenham papéis importantes ao longo da temporada e seus personagens ajudam a desenvolver a trama e nos ajuda também a conhecer o nosso herói.

Com tantos pontos positivos, dá para dizer que a Marvel e o Netflix acertaram a mão na parceria nesta adaptação. A estratégia mais uma vez de liberar todos os episódios de uma só deu certo e vem se mostrando correta em todas as séries produzidas pelo Netflix. É algo que, indiretamente, ajuda a dar intensidade na forma como se consome o produto, ou seja, em como se assiste. E “Daredevil” é perfeitamente capaz de nos fazer assistir um capítulo atrás do outro porque os episódios só melhoram e nos fazem querer saber o que vai acontecer ao final.

Demolidor (Daredevil, 2015) de Drew Godard

1ª temporada completa no Netflix – 13 episódios

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