A Polícia Civil do Estado do Ceará rebateu ontem, em entrevista coletiva, críticas recebidas acerca da prisão da turista do Rio de Janeiro, Mirian França, suspeita de envolvimento na morte da italiana Gaia Molinari, assassinada em 25 de dezembro no caminho da Pedra Furada em Jijoca de Jericoacoara. A delegada adjunta da Delegacia de Proteção ao Turista (Deprotur), Patrícia Bezerra, que preside o inquérito, divulgou ainda o interesse em realizar até o dia 28 uma reconstituição do crime.
A mãe de Mirian, Valdicea França, em entrevista na manhã de ontem afirmou que teve problemas para se comunicar com a filha e ainda caracterizou a prisão de Mirian como um ato de preconceito, por ela ser negra. A delegada rebateu as acusações e disse que Mirian teve direito a telefonemas, mas preferiu ligar para a orientadora do doutorado e para um amigo, "para não preocupar a mãe" .
O titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) do Estado do Ceará, Delci Teixeira, informou que entrou em contato com a Secretaria de Direitos Humanos do Rio de Janeiro e que marcou um contato entre Mirian e a mãe, na manhã de ontem. Contudo, disse que não houve a confirmação do advogado, que marcou uma entrevista coletiva com Valdicea para o mesmo horário.
A delegada Patrícia Bezerra afirmou que a Defensoria Pública do Estado do Ceará procurou a Deprotur e colheu cópias de documentos. Frisou ainda que a prisão preventiva de Mirian ocorreu dentro da Lei . "Acredito que ela (Valdicea) esteja nervosa com tudo o que esteja acontecendo, como qualquer mãe estaria. Mas queremos dizer que a Polícia Civil do Estado do Ceará é séria, técnica e competente. A gente está atrás do culpado e não de qualquer culpado. Independente da cor que tenha, condição social ou procedência".
Patrícia disse que o inquérito deverá ser concluído dentro do prazo de 30 dias e que já recebeu o resultado de alguns exames. "Chegou o laudo necroscópico e o PSA. Podemos dizer que não foi coletado sêmen no corpo da vítima, o que não quer dizer que não tenha ocorrido crime sexual. O laudo necroscópico mostrou que houve uma violência muito grande. Ela foi muito lesionada na face e há uma lesão muito severa no queixo. Foi um crime de extrema violência".
Faltam ainda os exames toxicológicos, que devem determinar se houve a ingestão de bebida alcoólica ou uso de substâncias ilícitas, além de exames de DNA de um suspeito, dos laudos de local de crime e o resultado da perícia nos celulares de Mirian França e Gaia Molinari. Segundo o perito geral da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), Maximiano Leite, todos os laudos devem ser concluídos até o dia 15 deste mês.
A delegada Patrícia Bezerra informou que Mirian estava em uma cela separada por ter graduação. Segundo o jornal O Dia, do Rio de Janeiro, Mirian ainda foi mantida em uma cela comum com outros detentos até o último domingo (4), quando houve a intervenção de um advogado.
O delegado geral da Polícia Civil, Andrade Júnior, destacou que a Praia de Jericoacoara é um local pacato e que não ocorrem grandes roubos, mas afirmou que existe um problema de tráfico de drogas. Júnior destacou ainda uma série de operações que são realizadas para coibir o tráfico na área.
Sobre o traslado do corpo da italiana Gaia Molinari, a delegada informou que já houve a liberação por parte da Polícia do Ceará. O vice-cônsul da Itália em Fortaleza, Roberto Misici, disse que ainda faltam alguns documentos, como certidão de óbito, para que seja feito o "passaporte mortuário" da turista italiana.
Atendimento jurídico
A Defensoria Pública Geral do Estado do Ceará (DPGE) começou o processo para dar entrada no habeas corpus de Mirian França, mas ainda falta o documento ser protocolado. A DPGE divulgou que presta atendimento jurídico à turista do Rio de Janeiro desde o dia 29 de dezembro. O atendimento é realizado pelo Núcleo de Atendimento ao Preso Provisório (NUAPP), por meio da comissão formada pelos defensores públicos Bruno Neves, Gina Kerlly Moyra e Emerson Castelo Branco. "Após a manifestação do interesse da Sra. Miriam França em ser assistida pela instituição, essa equipe de Defensores Públicos passou a atuar no caso, tendo contato direto com a detenta, bem como com pessoas ligadas a ela".
Está marcada para a manhã de hoje coletiva de imprensa na sede da Defensoria para fornecer mais detalhes acerca do acompanhamento do caso.
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