Fortaleza ficou esperançosa com a vinda da Copa do Mundo. Uma das razões era que, com ela, viria um pacote de intervenções que resolveriam - ou amenizariam - muitos dos problemas de trânsito da Capital. O Mundial acabou há quase três meses, mas muitas promessas de infraestrutura ficaram pelo caminho. Algumas delas serão retomadas até o fim do ano, e a estimativa é de que a totalidade das obras só fique completa em 2016, quando o País recebe os Jogos Olímpicos. O titular da Secretaria da Infraestrutura de Fortaleza (Seinf), Samuel Dias, entretanto, afirma que o calendário ainda não foi concluído, e não é possível assegurar o prazo.
Do pacote, que culminava em intervenções que criavam um corredor de transporte ligando os terminais da Parangaba e do Papicu, estão finalizados apenas alguns trechos. Entre eles, o secretário cita a avenida Alberto Craveiro (entre a ponte do Riacho Martinho e a Arena Castelão); a pavimentação, drenagem e padronização das calçadas da avenida Paulino Rocha; a rotatória e o túnel Jornalista Demócrito Dummar; o túnel Barros Pinho; e a avenida Silas Munguba.
No entorno do que foi entregue, entretanto, moradores ainda reclamam de trabalhos pela metade. “Disseram que estava tudo pronto, mas basta olhar para ver que não está. Só fizeram calçada de um lado”, reclama Edson Chagas, 27, gerente de uma loja de construção na avenida Silas Munguba. Lá, as obras foram iniciadas em setembro de 2012 e hoje só alcançam 10% de execução. “Não faço ideia”, responde Edson sobre quando foi a última vez em que viu trabalhadores na via. A certeza, diz, é de que foi antes do Mundial. “O legado da Copa não passou por aqui”.
Zildaci da Silva, 41, lembra que “enfeitaram” as vias em volta do Castelão, mas depois tudo foi embora. “Botaram só uma capa para os jogos. Acho que está pior agora”, diz a dona de bar na avenida Paulino Rocha. “Só tem a ‘boniteza’ do estádio pra lá”. Na rua em que mora, a três quarteirões da Arena, ela aponta: nada mudou.
RecursosSegundo o titular da Seinf, há projetos e recursos garantidos para todas as obras previstas. O que falta, explica, é a conclusão de um estudo para os desvios de tráfego necessários para que cada uma seja realizada. “Dentro da perspectiva de priorização para a realização do evento, elas não foram finalizadas a tempo, mas não vão deixar de ser entregues”. O prazo para a retomada das obras no entorno do Castelão - este semestre - é o mesmo para o início do viaduto no cruzamento das avenidas Raul Barbosa e Murilo Borges e do túnel da avenida Padre Antônio Tomás com a Via Expressa.
As outras obras - os túneis na avenida Alberto Sá com Via Expressa e outro longitudinal sob a Via Expressa, entre as avenidas Santos Dumont e Padre Antônio Tomás - aguardam o estudo de intervenção para terem uma data de início. Samuel Dias afirma que, apesar da demora, as obras não ficarão só no papel e que a passagem da Copa não tira a necessidade delas. “Essas são obras viárias para o trânsito geral de Fortaleza. Elas têm impacto imediato na melhoria da Cidade. À medida em que são concluídas, elas vão atendendo ao seu propósito”.
Ivanildo Alves, 50, empresário, acredita que as obras foram benéficas e que só falta um ou outro ajuste. “Da expectativa que eu tinha, eu estou 95% satisfeito. Acho que só faltam detalhes, como alguns acabamentos”. O reforço da segurança, ele aponta, poderia ser uma das situações permanentes depois da Copa. “No mais, eu me sinto satisfeito. Hoje, a gente tem prazer de dizer que mora aqui no Castelão”, comenta.
MultimídiaConfira vídeo sobre a situação das obras nas vias de entorno da Arena Castelão no portal O POVO Online: http://bit.ly/Zfb5la
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